13 setembro 2006

AS FIGURAS INTERESSANTES DO OTÁRIO ELEITORAL

No caminho das eleições, entre os candidatos que irão guiar os destinos de nossa política, surgem figuras, no mínimo, curiosas. O “Zé da estrada, diz ser o caminho certo”. Será que existe caminho certo em meio ao descaso de nossos políticos com seus eleitores? Será que um dia teremos opção entre todos estes oportunistas que se apresentam no horário nobre do rádio e da TV, enchendo nosso povo de falsas esperanças?
Até os animais estão presentes neste desfile de figuras inusitadas. Com slogan: “Você não está satisfeito com o mensalão? Então vote no Cachorrão”. Aí aparecem os candidatos “Cachorrão” e “Dikão”, que assumem suas condições de animais caninos, se antecipando em que poderão se tornar, ao serem eleitos. Até os insetos têm vez neste desfile de animais. Hélio Andrade – o Grilo – aparece como opção de colocarmos para gerenciar nossos destinos, um inseto que irá devastar nossas plantações e será uma ameaça para a agricultura.
Alguns assumem sua condição de autoritários estampada em seu próprio nome. Edésio – o Chefe – promete mandar e desmandar nos destinos de seus eleitores, pois, enquanto eles dormem os deputados trabalham arduamente para conseguir criar caminhos e desvios para que nossos impostos cheguem aos seus bolsos ou até às suas cuecas.
Os futuros eleitores estão representados no “otário eleitoral”, digo horário eleitoral. No mundo infantil, temos as seguintes opções: votar em um candidato que vai nos divertir com sua figura cômica que alegra crianças e adultos pelo país, como é o caso do “Luís Tiririca” e do “Xuxa de Uberlândia”, que, no mínimo, são ícones do mundo televisivo infantil e certamente vão articular manobras para criar na Assembléia um grupo como os “Anões do Orçamento”.
Neste engraçado universo de figuras ainda temos o “Nêga Véia”, na defesa das minorias raciais e da terceira idade. Mas ainda podemos nos purificar de todo o mal, apoiando candidatos abençoados como o “Marco Paulo Irmão”, ou até votando no candidato que vai começar uma grande obra, como o “Engenheiro Jesus”.
Tudo isso pode passar pela cabeça de muitos eleitores que não tiveram a oportunidade de se politizar ou se educar a ponto de criticar o modelo arcaico que ainda elege candidatos pela beleza física ou até pelo apelido engraçado.
Aqui em Arcos, por exemplo, em uma eleição recente, quase elegemos um vereador de apelido “Raul Seixas”, uma figura humilde de nossa cidade que pode ser interessante, mas, não tem qualidades suficientes para o cargo de criador de leis de nosso município.
Isso mostra o descaso com que tratamos o processo democrático que temos em nosso país. Mostra que não estamos preparados para decidir quem deve conduzir a máquina de milhões de reais arrecadados todos os dias em impostos e taxas. Ainda estamos longe de atingirmos a democracia plena em nosso processo eleitoral.

Jaime Pedrosa

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